Porque os Layoffs afetam menos do que parece o mercado de Desenvolvedores de Software

Porque os Layoffs afetam menos do que parece o mercado de Desenvolvedores de Software

Os layoffs (demissões em massa), são sem dúvida o principal tema do mercado de tecnologia nos últimos meses, empresas como Amazon, Google e Facebook desligaram parte de suas equipes e, segundo o site layoffs.fyi, apenas as chamadas Big Techs americanas já somam mais de 100 mil demitidos. No Brasil, apesar de menor escala, as demissões já passaram da casa dos 6 mil.

Os principais motivadores desse fenômeno são os juros mais altos, que estimulam investidores a optar por investimentos mais conservadores, ao invés de investimentos em startups e empresas de tecnologia, uma possível recessão global em 2023. Entretanto, há especialmente uma certa correção e busca por eficiência após anos de crescimento e contratações em larga escala durante a pandemia do Covid-19, como pode ser observado no gráfico abaixo:

Mas qual é o real impacto dessas demissões em massa nos profissionais que trabalham diretamente com Desenvolvimento de Software? Quando escutamos "empresas de tecnologia", existe uma tendência em se pensar que essas companhias são compostas exclusivamente por "profissionais de tecnologia", como Desenvolvedores, Product Managers, Analistas de Sistemas, entre outros. Esquecemos que uma empresa de tecnologia também conta com áreas como suporte, atendimento, finanças, marketing, vendas e recursos humanos. A Amazon, por exemplo, tem a maior parte dos seus colaboradores empregada em seus galpões.

Essa premissa errada sobre o perfil dos funcionários das empresas de tecnologia fez com que alguns Desenvolvedores de Software entrassem em desespero sem necessidade, acreditando no declínio do mercado tech. Além de influenciar também algumas empresas, fazendo com que chegassem a conclusões erradas sobre o atual momento.

Então qual o real impacto para os Desenvolvedores de Software?

Para responder essa pergunta Aline Lerner — CEO da empresa americana Interview.io — foi pesquisar os dados do site layoffs.fyi, lançado por Roger Lee em fevereiro de 2020, justamente quando as preocupações de que a pandemia do COVID-19 pudessem afetar a economia se tornaram comuns. O site faz exatamente o que parece: rastreia demissões em empresas de tecnologia. Toda vez que uma empresa realiza uma rodada pública de demissões, ela é adicionada a uma lista crescente. Além disso, cada entrada inclui uma contagem de demissões e um pequeno subconjunto de entradas inclui uma lista de pessoas reais que foram demitidas, bem como algumas informações sobre elas (nome, LinkedIn, dados geográficos, cargo e assim por diante).

Segue os resultados compilados pela Aline:

O gráfico é claro, nos EUA houve um grande impacto nas áreas comerciais (que cresceram muito durante a pandemia) e um impacto de menos de 5% nas áreas de Engenharia de Software como um todo.

E no Brasil?

O Brasil também tem sua versão do site consolidador de informações  sobre os desligamentos, o "layoffs brasil" que, assim como sua versão americana, não possui a informação de todos desligados, mas são uma boa referência para avaliarmos este impacto por área. Cavamos fundo nos dados deste site e a conclusão que chegamos foi a seguinte:


Houve um impacto em praticamente todas as áreas de negócios — de forma aparentemente mais igualitária do que nos EUA — mas assim como lá houve um impacto limitado na área de Desenvolvimento de Software, que continua com muitas vagas em aberto e com empresas trabalhando pesado para reter seus melhores profissionais.

Em resumo, embora os engenheiros de software não tenham saído ilesos das demissões deste ano, nossos dados mostram que agrupar todos sob o guarda-chuva “tecnologia” é enganoso. Essas percepções não mudam o fato de que as pessoas que perderam seus empregos, independentemente do departamento, estão sofrendo e, infelizmente, as demissões provavelmente estão longe de terminar.

Sendo assim, a tendência é que o mercado de trabalho para Desenvolvedores continue extremamente aquecido nos próximos anos, porém distorções salariais e ascensões estratosféricas de carreira devem ser revistas pelo mercado.